domingo, 31 de maio de 2009

gays e não gays

Entre esses esses dois grupos eu sou do grupo dos não gays. Não tenho absolutamente nada contra quem ama, seja um pé de samambaia, uma tartaruga, um homem ou uma mulher. Pra mim, tudo está bem. Defendo, inclusive, o direito de cada um amar e fazer sexo com quem bem entender. Eu posso achar estranho algumas escolhas, mas eu não dou pitaco nas escolhas dos outros.
E gostaria muito que não dessem nas minhas escolhas.
Estou passando por algumas situações que eu nunca passei em toda a minha vida de artista, de boêmia, de cantora.
Sempre tive contatos com mulheres gays. Algumas são grandes amigas minhas, dessas de assistir filme deitadinha na cama, de contar minhas dores do coração, amigas de partilhar minha vida. Essas amigas me apresentaram outras amigas gays também e nunca tive problema algum com elas porque sempre rola uma enquete, quem é essa aí, é do babado, tá com quem e minhas amigas sempre colocavam tudo de forma claro. NÃO. TATIANA NÃO É GAY MAS É LEGAL.
Isso mesmo. Eu sou legal. Sou legal até o momento que uma mulher resolva me agarrar, resolva literalmente me agarrar. Passei por isso e não houve uma pancadaria daquelas porque a doida que me agarrava era uma amiga querida de uma amiga querida minha e eu fiquei pensando que seria uma merda eu derrubar no chão, pisar no pescoço e furar os olhos de uma coroa bêbada com os hormônios descompensados. A situação ficou feia mesmo e eu fui obrigada a botar um limite dando uma torção no braço da outra com força suficiente que a fizesse gemer. Eu poderia ter feito muito pior mas não fiz por consideração à minha amiga. Só por isso.
Fiquei puta, mas muito puta da vida. Fiquei puta porque a coroa doida me conhece a pelo menos vinte anos e se nesses anos todos eu não caí na vida lésbica acho meio improvável que cairia agora, tendo como tentação um sapata tarada, drogada, bêbada e sem classe alguma. Não era uma desconhecida. Essa senhora me conhecia e não tem nem a desculpa de ter sido um equívoco.
Tô puta com isso. Tô muito puta com isso porque eu não me lembro de homem algum tentando levantar minha siaa ou abaixar minha blusa. Nem o homem mais escroto tentou fazer isso comigo e por muito menos eu já botei dedo na cara de marmanjo exigindo respeito.
Exijo a mesma coisa das lésbicas.
Logo depois desse fato, que me deixou bem chateada, tive mais duas situações em que a mulherada errou na mão comigo. Perguntei às minhas amigas gays: Sou eu? Estou fazendo alguma coisa errada? Passando a impressão errada? Estou agindo de forma a provocar uma reação dessas?
Minhas amigas disseram que não e que isso tudo é uma loucura. Eu sei que não ajo de forma a dar espaço para esse tipo de atitude. Não faço isso com pessoa alguma, muito pelo contrário. Trabalho na noite desde os dezessete anos e aprendi a manter distância por pura defesa. Não sou uma pessoa tátil, não sou daquelas que sai dando beijinhos e abracinhos nas pessoas, seja do sexo que for.
Mas eu sou o que sou. Sou grande, sou truculenta, gosto de ferramentas, gosto de esportes competitivos e gosto de homens. Incrível mesmo! Eu gosto desse tipo de gente que tem pinto, que é meio abestalhado, que é infantil, que é obtuso, que é uma merda pra se namorar, mas eu não posso fazer nada contra isso da mesma forma que quem é gay também não tem o que fazer contra a sua preferencia sexual. Eu sou o que sou e isso não inclui me relacionar com mulheres de forma íntima. Eu não encaro o excesso de reentrância e muito menos a maluquice de uma mulher de TPM. Eu acho mulher um saco pra namorar, acho chato pra cacete. Eu não sei como homem aguenta essa mulherada maluca que está por aí. Eu acho mulher um bicho estranho e eu não tenho tesão nenhum em peito, em bunda e, pelamordedeus, em xoxota. Não quero mudar. Tá bom assim. Não quero mudar, não vou mudar, caralho. E parece que tudo é um mar de clichê. Uma mulher que é forte como eu sou deve ser sapatão. Que gosta da Leroy Merlin e da Decatlon é sapatão. Se toca violão e canta MPB é sapatão. Se eu tenho amigas gays, devo ser gay também, só que ainda não sei. PORRA, EU TENHO QUARENTA E DOIS ANOS! Já sei de mim, cacete. Se eu quisesse entrar pra turma das lésbian chics já teria entrado mas continuo ortodoxamente hetero.
Bem... tá me dando no saco, to perdendo a paciência, tô ficando irritada e quem me conhece bem sabe que eu irritada não sou uma pessoa legal.
A próxima mulher que vier com papo besta pro meu lado será imediatamente afastada de mim. Não quero papo, não quero ter meu ego massageado por mulher alguma. Se não sabe conversar comigo sem xaveco de quinta, sem joguinho de sedução furado, sem parecer um caminhoneiro tarado, eu não quero ter contato com essa senhora.
A próxima mulher que me pegar, que me alisar, que tentar me agarrar vai levar uma porrada no meio da cara e aí eu serei a mais sapatona de todas as sapatonas porque a maioria das mulheres que encarnam em mim são praticamente senhoras velhas, cansadas e decaídas e eu não terei dificuldade nenhuma em causar um grande estrago. Se for mocinha, jovenzinha, cheia de vitalidade e vier me pegar, me alisar, me agarrar, eu juro por meus filhos, essa mocinha vai aprender na pele que existe limite e respeito. Quem me pegar sem minha autorização vai levar.
Por que que eu é que tenho que ter respeito e não recebo de volta?
Tô cansada, de saco cheio e de certa forma, triste com isso tudo.
Bicho, o movimento gay se fudeu por anos pra conseguir respeito. Não foi fácil. Não é fácil.
Mas atitudes como essa faz com que a imagem dos gays fique maculada. É muito fácil colocar todo mundo no mesmo balaio e dizer que viado e lésbica é um ser sem vergonha na cara, sem moral, sem porra nenhuma e eu sei que isso não é verdade. Existem todo tipo de gente em todos os lugares, até no meio gay.
Eu só quero que as pessoas que realmente consigam me ver se aproximem de mim. Não quero gente que não me respeita perto de mim e muito menos, pegando em mim.
Só isso. Não é pedir muito.

4 comentários:

Claudia Lyra disse...

Sabe, Tatiana, eu sou pegajosa e grudenta. Mas é horrível quando a última coisa que você quer é contato físico e nego quer ficar te alisando. Sinto muito por essas experiências ruins.

N. Calimeris disse...

Putz! Ensina aí a dar chave de braço e a pancar?

Anônimo disse...

Tati, concordo em número, gênero e grau com vc! Odeio qdo fazem esse tipo de coisa! Só pq sou legal e não tenho nada contra pensam que estou na mesma onda! É horrível!

Glorinha Jubarte disse...

Afffe! Babado forte!