quinta-feira, 16 de abril de 2009

O porque das coisas

Minha paciência anda curta para algumas coisas e não é só a chatice de uma velha bruxa, nem é descontrole hormonal, muito menos os reflexos de meu inferno astral, é simplesmente a percepção que o tempo passa muito rápido e algumas coisas não valem à pena.
Acredito mesmo que tudo é energia. A alegria é uma energia boa e quente. O amor é uma boa e velha colcha de lã que aquece os pés frios da alma. A ternura é monte de bolinhas de sabão que estouram delicadamente diante de meu nariz. Eu "bebo" cada energia dessa. Preciso disso. Eu vivo disso!
É claro que a vida nem sempre é só felicidade e fartura, mas também não é só mazela e tristeza. Eu escolho como reagir aos fatos, eu escolho que lado quero ver. E eu sempre escolho o lado mais colorido porque eu gosto disso. Gosto de riso, gosto de força, de coragem, de alegria, de esperança. Gosto, gosto com todas as minhas forças. Gosto de viver!
Nem sempre é fácil. Muitas vezes eu fiquei cansada, muitas vezes eu chorei de frustação, de dor, de mágoa, de raiva, de ódio. Muitas vezes pensaram que eu não levantaria. Mas eu levantei porque é a unica opção. Recomeçar. Seguir em frente. Viver.
Deus sabe o esforço que eu faço pra segurar meus pensamentos loucos e assim controlar minhas emoções. Deus sabe quanto me custa focar no brilho e não na sombra. Eu sou uma pessoa colada com durex, superbond e argila fresca. Sou um vaso quebrado, todo trincado, mas que ainda guarda a água boa que a flor precisa.
Aí to eu aqui. Toda coladinha. Toda fudidamente coladinha. Vazando aqui e acolá, mas ainda assim em ordem. Usando de todos os recursos que eu aprendi para me manter com a cabeça pra fora da bosta, na pontinha do pé, um medo do cacete de escorregar e me afundar na lama fedorenta e vem alguém, senta em cima de minha cabeça e reclama da vida, do destino, do trabalho, do marido, do namorado, do cacete a quatro! E eu ali, no meio da maior merda, equilibrando no cucuruco da cabeça um reclamão compulsivo, um depressivo, um negativo, um invejoso. Já sinto a merda chegar bem pertinho do queixo. Procuro com os pés um morrinho que eu possa subir. Acho. Subo no banquinho do bom humor, um pé nele e o outro no banquinho da esperança, da fé besta e ingênua que me diz que tudo vai dar certo. Tô ali, equilibrada em duas canoas que balançam, balançam. Eu com sorriso no rosto, e aquele um sentado na minha cabeça, me fazendo afundar, tirando minha visão, ocupando meu tempo, gastando minhas força, minha esperança besta, todas as minhas frases de auto ajuda idiotas explodindo em minha cara, me dizendo como eu sou tola em acreditar nessas coisas todas, eu distribuindo florais, passes, tarôs, banhos, o caralho a quatro. Pra quê? Pra um reclamão compulsivo se sentir melhor. O rabo do reclamão bem no meu nariz. E aquele olhar de quem parece que vê ou uma estúpida feliz, ou uma idiota leitora de livros de auto-ajuda, cheia de chichês e respostas prontas. Eu, a anta feliz e resistente. Ele, o cético que vê a vida como ela realmente é. Todos na merda. Eu, ele, ela, eles, elas. Todo mundo no mesmo barco da vida. Eu chamo a merda da vida de adubo. Eles chamam de merda mesmo.
Fazer o que?
Antigamente eu seguraria porque eu achava que era a minha missão, a minha obrigação de amiga, de pessoa. Vamos ajudar quem precisa, né?
Não, não é.
Vamos ajudar quem quer e pode ser ajudado.
Eu não sou a Madre Tereza de Calcutá.
Não sou Jesus Cristo que tinha sabedoria escorrendo dos poros. Eu ainda não faço milagres. Tô tentando aprender, mas tá meio difícil.
Não sou mais forte que ninguém, nem mais sábia que ninguém, eu simplesmente aprendi a sobreviver sem perder a ternura jamais, como dizia Che. E aprendi porque eu gosto da ternura. Amo a ternura. Não quero que minha ternura morra a mingua.

Eu não posso me deixar afundar por carregar um peso que não é meu. Nem posso me perder nos caminhos da vida cedendo à amargura, à descrença, à tristeza, à mágoa. Eu bem sei como isso é difícil. E essas emoções são altamente contaminantes. Pegam a gente sem que se perceba. Quando me dou conta, tô ali, coberta de pústulas roxas, cheias de rancor, reclamando até do da lindo cheio de sol que eu tenho que trabalhar. Um tipo de reclamatório compulsivo coletivo.
Todo mundo junto reclamando do Lula, vamos lá!
Todo mundo junto falando mal dos homens, vambora mulherada!
Todo mundo unido em um único propósito de ter auto piedade! Isso mesmo, somos pobres coitados!!Que vida cão. Que mundo besta. Que vida sem significado. Ó Deus, Ó céus, Ó azar.
Não! Eu não sou uma pobre coitada. Eu não quero e não serei isso. Renego três vezes. Me recuso a entrar nessa. Não quero vibrar nessa frequência porque só eu sei o preço que eu pago pra me manter com a cabeça acima da grande bosta cósmica. Só eu sei, ninguém mais.
É por isso que eu ando sem paciência. Quer reclamar? Pode reclamar, mas longe de mim porque a sua reclamação não me ajuda em nada e muito menos ajuda você. Me entedia profundamente.
Quer se estribuchar cheio de sentimento ruim, cheio de ódio, raiva, mágoa? Estribuche para outra lado, por favor. Não tô podendo com isso. Nunca pude, só que agora eu assumo a minha fragilidade. EU NÃO AGUENTO TANTA MERDA A MINHA VOLTA!
Tá tão difícil assim viver? Por favor, se mate. Mas se mate longe de mim. Tá bom. Não precisa se matar, mas procure ajuda profissional. Eu não sou mais uma profissional da saúde energética. Sou só uma cantora, uma ciagarrinha humilde tentando fazer arte, compor, falar coisas boas para as pessoas, sei fazer umas mandinguinhas aqui e acolá, mas nada além disso.. Eu não sei fazer milagres. Pelo menos não para os outros. Sei fazer os meus milagres pessoais. A multiplicação do pão na minha cozinha, a alquimia da tristeza em aprendizado, a poção do bom humor tomada todo dia de manhã.
Pra mim funciona mas não é uma receita.
Eu não sei ensinar a ser feliz.
Eu não sei apagar as dores.
Eu não sei injetar fé onde nã há fé.
Só sei de mim e olhe lá porque tem dias que nem eu me reconheço.
Por isso que eu ando com pouca paciência. Peço que me entendam e não se chateiem além da conta comigo.
Estou aprendendo a por limites. Só isso.

4 comentários:

Sandra Maria disse...

Minha amada e querida amiga - irmã, se guarde , se acalente, se aconchegue. Voce merece um momento só seu. Voce sim, a melhor distribuidora de energia, de amor, de força, de bom humor. Voce, a pessoa que mais deu a volta por cima que eu já conheci.Deixo aqui, registrado que, nos meu momentos de merda total (que não foram poucos)me espelhei em voce.Fui gritando pelo mundo mas, fui em frente.
Te admiro menina!

Ah! Brigadinha pelo jantar, delicioso, pela bebida gelada e pelo carinho e afeto de sempre!

PS:Voltarei! Para usar a lareira e tomar banho de piscina.Levarei a bóia, de patinho, para combinar! rsrsrsrsrs

Beijos!

Fausto Sotam disse...

Um desabafo bem forte.Quem canta seus males espanta. Paz...

Anônimo disse...

Às vezes é necessário se preservar, para que não sejamos tragados pelo fundo do poço que as pessoas se colocam. Tudo o que somos e pensamos depende de nós mesmos e não do que vem de fora. Se ficarmos com pena e formos ajudar sempre, em algum momento nós precisaremos de ajuda e a quem ajudamos, não nos dignarão nem o olhar. Seja justa consigo e não carregue problemas que não são seus. Axé!

Dine disse...

amadinha
vc é mesmo linda! e fica mais a cada volta por cima, assim como a cara morena tb aprendi muito sobre isso com vc!!
p.s.: louca pra conhecer a cozinha nova, me aguarde
carinho pra vc
bj bj