sábado, 28 de março de 2009

mudanças

Impressionante como as coisas se transformam. Tudo muda, tudo sai do lugar e as certezas se desfazem e a gente fica com aquela cara de bosta vendo os acontecimentos.
Minha mãe aos 70 anos descobriu que está com começo de diabetes e colesterol alto. Caramba, até agora a véia não tinha nada. Que genética boa do cecete! Acredito, inclusive, que meus cachorros tem o mesmo gen da família. Impressionante. Minha mãe meio que pirou com a notícia porque as coisas estão mudando pra ela. Aos 70 anos começará uma dietinha muito da mixuruca e para ela a prova de alguma fragilidade física nã é coisa fácil de lidar. Mudanças...ai, as mudanças.
Começar a empacotar as coisas aqui de casa. Puxa, lá vai outra vez. Perdi as contas de quantas vezes me mudei nessa vida. Da casa de minha mãe para o camping, do camping para Campinas, de Campinas para Barão, de Barão pro centro, Salvador, Campinas, Santos, Campinas, Salvador outra vez, Campinas, várias casas em Campinas, Salvador outra vez, São Paulo até eu chegar aqui. Quase sete anos na mesma casa. Meu lado taurino bem que gostou mas meu gêmeos bocejava.
Mais uma mudança. Minhas coisas tem história que carrego comigo pra onde eu for. Eu sou um livro de capa dura, manuseado e instigante. Adoro relervelhos capítulos mas é o final que me interessa.
Deixo aqui tudo que não é mais desse tempo.
Sou tão calejada em mudanças, separações, superações que dou consultoria. "Tá difícil, eu sei, mas ainda vai ficar pior". Não é praga, é a simples experiência de quem já mudou e separou várias vezes.
Não tenho medo de mudanças, muito menos de separação. Tenho medo é da mesmice, do tédio, da rotina. Tenho medo é que meu espírito fique preso em mim mesma, que eu simplesmente pare de querer viver com real vontade. Tenho medo é que a mediocridade bate à minha porta e se sente na minha sala. Tenho medo é de me conformar e simplesmente deixar a vida me levar mornamente.
A Morte no tarô é exatamente isso. Morrer pra renascer. Fechar um ciclo para começar outro. Dá agonia, traz sofrimento, como todo e qualquer processo de " Morte" mas é inevitável e, na verdade, é lindo. É nessa hora que descobrimos de que material somos feitos. Podemos despencar sobre o caixão e melecar tudo, como num filme mexicano, agarrando a mão do defunto e dizendo " não vá, Miguelito, não vá, mi amor". Podemos ser elegantes e fleumáticos como um mordomo inglês quer deixa escorrer a solitária lágrima. " I miss you, lord". Podemos ficar abestalhadamente incrédulos com o fato que tá ali, bem na nossa cara, um caixão aberto, um morto frio, umas flores cafonas e um bando de gente cm cara de cu porque não fica bem parecer normal numa hora dessa.
Prefiro beber o defunto. Cachaça servida à rodo em homenagem ao que começa, à nova vida. Prefiro contar piadas escrotas no canto do velório, lembrar os feitos do finado, seu jeito especial, da importância que teve enquanto vivo.
Prefiro olhar pra frente e começar outra vez.
Quantas vezes for necessário.
E vocês, meus bens, também farão isso. Com o dramalhão mexicano, a fleuma inglesa e a cara de cu, totalmente normais em uma situação dessas. Mas também beberemos o defunto e poderemos berrar bem alto, caso o finado seja meio surdo:
- SEGUE A LUZ!

Um comentário:

figbatera disse...

Puxa, gostei!
É mesmo preciso ter peito pra enfrentar as "mudanças" que ocorrem em nossa vida.
Admiro a coragem de quem não se conforma com o que está ruim e não deixa simplesmente a vida seguir mornamente; "morrer para renascer"!
Muito Bem. Saúde e Sorte procê...