sexta-feira, 11 de julho de 2008

Noite de Festança da Veja

Ontem foi a festa de premiação da revista Veja e como fui jurada mais uma vez, pude ir na festa.
Muitos conhecidos já que a noite é para escolher o melhor da cidade em relação a bares, botecos e restaurantes. Muitos " olá, como vai?", "olá, tudo bom?", " tudo bem, tudo bom?".
Festa na Hípica daqui. Local metido a besta que, definitivamente, não é a minha praia. Festa que só é divertida se você achar uma razão pra se divertir. Bebida à vontade ( prosecco, cerveja, uíscão e refrigerante), uma mesa de pratos quentes ( risoto e nhoque) e uma banda de samba muito da porreta fazendo fundo musical durante a premiação.
Meu parceiro de todas as horas não pode ir então fui com meu queridíssimo Daniel Chaudon e nós nos divertimos muito com o mínimo que tínhamos. Depois de algumas taças de prosecco tudo fica muito mais engraçado e interessante.
Nossa diversão era observar os modelitos da mulherada e fazer uma avaliação do nível de viadagem dos caras. Gay assumido, gay enrustido e o " tá doido pra experimentar". Nossa base de julgamento era a roupa, o cabelo, a análise dos movimentos corporais e o FG, Faro Gay, que tanto eu como o Dani temos altamente desenvolvido.
Vi uma mulher com um vestido longo que parecia ter sido feito com as almofadas douradas da casa dela e usava um pequinês morto enrolado nos ombros, ou algo pareciso. Isso para mim já era medonho, mas o fato do vestido não fechar o zíper deixava o visual ainda mais - como dizer - exótico? Nossa conclusão: ou ela fez o vestido ano passado e engordou ou o vestido não era dela.
Vi uma figura que achei muito interessante. Um rapaz supermegaultra novinho com seu dred espetado mas com um terno elegantérrimo. Para mim foi esse o número um em matéria de estilo e classe. O moleque tinha personalidade, não dá pra negar. Devia ser músico, certamente.
A mestre de cerimônia foi a Valéria Monteiro, que ano passado também estava lá. Um vestido maravilhoso, um tomara-que-caia degradée que descia até ao chão chiquérrimo, mas que infelizmente deixava à mostra uns braços um tantinho fora de forma. Fiquei chocada porque é uma mulher lindíssima, mas já não pode sair por aí dando tchau porque pode ficar com olhos roxos. Tem que cuidar daquilo urgente. Musculação, drenagem linfática e se não der jeito mesmo, faca.
Dani ficava muito impressionado porque eu ia cantando as vitórias entre os indicados. Tudo muito simples quando se entende a mente do campineiro.
Muitos me perguntam se essa premiação não é um jogo de cartas marcadas e eu posso dizer, já que fui jurada três vezes, que nunca tive nenhuma orientação sobre nada, fora o fato que eu não podia dizer que era jurada, não podia aceitar presentes nem agrados. Muito óbvio, né?
Ano passado deu empate na categoria que eu estava. Alguém me ligou lá da Veja para falar isso, que estavam com um problema e que tinham que desempatar. Ouviram de mim um " e eu com isso?" super delicado, afinal meu voto já tinha sido dado e eu não tinha que resolver desempate nenhum. O povo da Veja é que quebrasse a cabeça pra sair dessa sinuca de bico. Eu já tinha feito a minha parte. Fora isso, nunca tive nenhuma, nem a mais sutil, orientação para votar nesse ou naquele estabelecimento.
E eu ainda torço. Este ano fiquei com a parte de " COMIDINHAS", então pude torcer descaradamente para os bares que eu acho os melhores da cidade. Melhor bar para dançar e melhor bar com música ao vivo foi para a Casa São Jorge, local que eu também toco, mas que é um dos bares que eu mais vou quando quero ouvir uma boa música e sacudir o esqueleto. Sou freguesa do estabelecimento! Merecidíssima premiação que me obrigou a gritar úhuuuuuuuuuuu quando os donos subiram ao palco pra receber os louros de seu trabalho. Uns fofos os donos do bar.
Fim de festa, o povo mais soltinho, a banda agora podendo tocar os sambas do começo ao fim. Eu e Dani, e somente nós, engatamos em um samba rasgado, dançando coladinho. Uma banda daquela e ninguém dançava! Um absurdo! Dançamos super animados até ver as câmeras focando na gente, o único casal que teve coragem de esquecer as formalidades. Na mesma hora perdemos a graça e aquietamos outra vez. Nem despirocar em paz a gente pode.
Depois de beber, comer, falar da roupa alheia, ver quem ganhou, a cara de quem perdeu, dizer milhares de olá como vai eu vou bem e você, estava na hora de ir embora.
Na saída, presentinhos para os convidados. A revista, claro, uma caixinha com uma caneta e um bloquinho de uma loja de carros, uma sacolinha com dois cremes da L'occitane, chiquérrimos e alguns panfletos de apoiadores. Tudo elegantérrimo, claro.
Depois de tanta chiqueza eu precisava voltar ao mudo real e fui me acabar de dançar lá na Casa São Jorge que festejava, além dos dois prêmios, o aniversário de seis anos.
Festança boa, viu? Uma banda de samba-rock com dez caras no palco. Uns negão que valhe me Deus! Eu tinha vontade de dizer " parabéns, mama África, parabéns!", mas me contive e fiquei sacudindo o corpo até quando meus pés aguentaram.
Voltei pra casa pensando nisso. Eu gosto mesmo é de uma fuzarca esculhambada. Festa chique é bom também, mas por pouco tempo. Cansa ficar fazendo linha. Cansa!
E eu dormi sorrindo lembrando que o nosso faro gay tinha dado nível UM, o máximo da viadagem, para um cara que depois encontramos lá na Casa São Jorge, se agarrando com uma mulher lindona.
É. quem vê cara, não vê cara não vê coração.
Ele é a prova disso.

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