quinta-feira, 1 de maio de 2008

Não sei é o dia cinzento e frio. Não sei se é o feriado que não foi como eu queria, cheio de sol e calor para eu ir até a cachoeira, molhar minha cabeça, pisar na terra.
Não sei o que é.
Mas sinto um preguiça do tamanho do mundo.
Não quero lavar a louça que se acumula na pia. Não quero lavar as roupas que os gatinhos resolveram sujar. Não quero varrer a casa. Não quero escrever o projeto. Não quero tirar a música. Não quero fazer a letra da música nova. Não quero nada.
A internet não me apetece.
Atender o telefone não em interessa.
Sair para ver o povo não me atrai.
Preguiça. Um defeito medonho.

Tô fazendo aula de violão pela primeira vez na vida. Não é coisa fácil porque cachorro velho tem lá seus vícios e eu sempre me virei muito bem com meu violãzinho básico plus. Mas senti a necessidade de abrir minha mente musical.
Ontem perguntei ao professor o que faríamos. Ele titubeou um milésimo de segundo. Aproveitei a deixa e sugeri:
-Vamos fazer música então!
E assim fizemos.
Legal, né?
Eu deveria estar aqui toda alegre animada para botar a letra na canção,né?
Não tô.
Uma preguiça da porra.

Ontem passei no mercado para comprar as coisinhas do jantar. Nada demais, mas eu queria tentar pela segunda vez fazer batata assada, rechear com alguma coisa maravilhosa e beber com o vinho tinto que eu adoro.
Não deu certo a minha batata assada. Nunca dá. Não sei onde eu erro.
Comprei o funghi para testar alguma coisa porque funghi é adorado aqui em casa. Depois do meu fiasco com a batata assada, desisti e o potinho do cogumelo me olha como mulher abandonada.
Não vou fazer mais porra nenhuma. Não adianta ficar murmurando " me coma" porque eu não faço nada agora.

A carne que eu comprei para assar hoje no almoço foi comida solitariamente. Eu achei que eu errei na mão e não coloquei o sal necessário. O gatinho maior, rebatizado de Corisco, olha para a forma que assou a carne de forma indecente. Se ele chegar perto da mesa da cozinha, eu mato ele.

Meus cachorros mandam na minha rua. Um trio que puxa briga, corre atrás de carros e acompanha pessoas até a padaria.
Seus arquiinimigos são três cachorros da esquina. Esses cachorros controlam a rua perpendicular a nossa e eles são uma equipe do mesmo top que os meus cachorros. A líder da minha rua é Cacau, uma mestiça de doberman com vira, porte médio, caramelo, uns doze anos. Seus subalternos são Mancha e Tila. Mancha é muito velho, faltam alguns dentes, seu pelo de negro passou para um tom acaju muito feio, parece uma raposa, não mordem ninguém mas é um puta cachorro bom de briga, já bateu em cachorros maiores e mais novos. Tila é um soldado. Não é a mais inteligente do mundo, mas é valente e amorosa. O que Cacau manda ela fazer, ela faz sem pensar nem reclamar. Obedece a lider. Tem uma tara por pneus de carro e fica latindo na frente do automóvel causando muita confusão na rua.
Hoje a arquiinimiga estava fazendo fusquinha aqui na frente do meu portão. Os cachorros latindo como se estivessem vendo o demo. A tal arquiinimiga é mais jovem que Cacau, mas do mesmo porte.
Vascilei com o portão e a confusão começou.
A arquiinimiga está no cio. Mancha ficou de pau duro e esqueceu que odeia a cachorra. Como macho é um bicho besta. Cacau, indignadíssima, partiu pra cima. Eu segurando Tila que é a mais nova de todas e a mais forte, não queria uma carnificina. Tila me derruba e eu caio de bunda no chão coberto de jabuticabas. Cacau avança. Mancha sobe na cachorra. Os outros cachorros que fazem parte da outra gangue avançam sobre Mancha que só quer saber de montar na arquiinimiga. Cacau fica na frente e defende o MAncha que ainda tenta ficar na pontinha do pé pra ver se dá certo o encaixe. Tila uiva de ódio. Eu uivo de ódio, minha bunda cheia de jabuticaba, uma latição dos infernos na porta de casa. Pego a mangueira e resolvo jogar água em todo mundo. Tropeço na mangueira, meto opé na vasilha de água de cachorro. Acho que vejo um olhar risonho em Tila, a única que não está na rua fazendo confusão.
Mando todo mundo a merda e volto pra dentro de casa. Que se matem. Tô nem aí.
Alguém joga uma bomba daquelas que faz a terra tremer.
Acabou completamente a confusão. Nenhum cachorro fez um pio. Cada um de volta para sua casa.
Descobri como manter a paz na rua.
Bombas de São João.
Mancha come a arquiinimiga.
Cacau me olha de forma rancorosa.
E eu tenho alguma coisa a ver com isso?
Uai, se eu deixava você dar pra quem quisesse quando entrava no cio e o pobre do Mancha se ferrava, agora você que se vire para impedir a sacanagem dele com a outra lá.
Se vira, minha filha.
Ela vira a cara para mim.
Tila tenta acalmar o clima e leva um mordida de Cacau.
Tila, para descarregar, pisa no gatinho que berra alto. Eu berro com a Tila e trombo com a panela de ontem com água. Molha tudo.
Eu sento no chão da cozinha e penso em matar todo mundo.
O gatinho sobe no meu colo e ronrona.
O outro tenta roubar a carne assada.
Eu não faço nada.
Preguiça.

6 comentários:

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Eu ia comentar mas deu a maior preguiça...

Tatiana disse...

ahhahahahahahahahha
eu entendo perfeitamente

Anônimo disse...

Neste caso, preguiça com razão!!! rs
Que loucura, hein!
Beijos!

Tatiana disse...

Esse é um dia calmo aqui em casa...
Loucura, loucura, loucura

Tatiana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
A Cronista disse...

Ah... que beleza de dia calmo, esse, hein? rsrsrsrsr

Essa bicharada dá o que falar, né? Mas a gente AMA essas pestinhas...

kkkkk

Beijos, bom final de semana!