quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Ontem me pediram que eu fizesse um resuminho básico e minha pessoa. Foda isso. Fazer resumo é que é foda. Como se resume uma pessoa a algumas linhas?
Posso dizer que sou uma mulher. Isso já diz um monte de coisa sobre mim. Que eu devo ter TPM's, que eu senti o poder de gerar, parir, amamentar. Eu choro no cinema. Eu choro vendo a pobreza e a dor alheia. Eu choro muito, mesmo que os outros não vejam, e choro sem razão aparente. É só uma vontade de aguar o mundo.
Sou mulher, mãe, chorona e artista.
Isso me faz ter surtos de inspiração que me derrubam, às vezes. Eu troco, na boa, uma trepada por uma apresentação musical porreta. Prefiro conviver com artistas. Gosto de loucos inspirados e do bem. Não vivo longe de meu violão. Faço música para toda paixão que aparece em minha vida, mesmo que só dure dois dias. Esqueço paixões com grande facilidade, mas as canções ficam eternas. Ficam eternas por que eu gravo elas, porque se for depender da minha memória, esqueço a paixão, o nome do bofe e a música.
Tenho grandes amigas e grandes amigos. Não me sinto só.
Esse meu jeitão meio macho engana muita gente. Gosto de homens. Homens no geral eu aprecio. Gordos, magros, fortes, fracos, baixos , altos, bobos, inteligentes. Gosto de homens na sua simplicidade, na sua forma de viver a vida, tudo muito mais descomplicado. Gosto de homens mas não saio dando para qualquer um porque eu prefiro mergulhar na alma e no corpo de um ser a sair por aí degustando pessoas. Não existe nada mais erótico, mais enlouquecedor do que desvenar os mistérios de uma única pessoa.
Sou leal.
Tenho um imenso senso de humor.
Quase nunca fico brava, mas quando fico, fico mesmo e nem quero saber se tá na igreja, se tem óculos, se é maior, menor, homem ou mulher. Feio isso, mas é assim.
Me derreto com uma boa massagem.
Não estimulo o espírito protetor nos homens. Nem nas mulheres. Acho que é esse jeitão meu. Às vezes sinto falta que alguém venha em queira me proteger. Aliás, ontem um elegante cavalheiro lipidiofóbico tentou me defender de meu ogro/encosto. Não adiantou nada, o ogro continuou demostrando seu amor por mim daquela forma tosca de sempre, mas eu achei lindo o gesto de defesa. Inútil, mas lindo.
Faço crochê.
Fiz karatê.
Faço yoga.
Fui atleta.
Adoro ser mãe.
Admiro meus filhos e me orgulho muito de ser a mãe deles.
Tenho " desconforto" com altura.
Mato barata, na boa.
Não seguro a onda de pegar em defunto, mas sou excelente para situações extremas, tipo acidentes, ataques, pitis, sangue, essas coisas. Menos vômito. Com vômito eu amarelo também e saio engulhando para longe.
Aprendi a pintar as minhas próprias unhas e só pinto em tons vermelhos. Tô aprendendo a tirar cutículas. Sempre acreditei que a autonomia é uma das portas que levam à paz de espírito.
Tenho horror a covardia, a mentira, a dissimulação. Pra mim todo mentiroso ou mentirosa devia apanhar na cara. De mim, se possível.
Acredito em Deuses, em seres de outro mundo, em reza, em macumba, em feitiçaria, magia natural. Mas acredito que tudo que a gente faz aqui, volta pra gente aqui. Fez merda? Vai levar merda na cara. Acredito na ética, mesmo quando se fala em magia. Mago sem ética é somente um escrotinho que mexe na realidade e que, dia menos dia, vai se fuder. E tem que se fuder mesmo.
Não tenho medo de envelhecer nem de morrer. Mas se eu pudesse evitar que os peitos caíssem, eu adoraria. A bunda não me preocupa porque não tenho muito mesmo. Mas ,em compensação, não tenho celulite!
Eu gostaria de ajudar a acabar com a fome do mundo. Acho que é isso que me faz não conseguir recusar um pão pra alguém, um prato de comida. Tô sempre soando comida nos amigos.
A miséria dói dentro de mim.
Peço a Deus que eu morra antes de meus filhos. Não sei se sou forte o suficiente para essa dor.
Queria conhecer o mundo, viajando, tocando.
Ainda vou fazer um curso de astrologia e aprender aikidô.
Já vi fada e saci.
Já amei e fui amada de uma forma desumana.
Já chorei, escorada na parede. Já chorei dirigindo. Já chorei de felicidade e saudade. Já chorei de raiva e indignação. Já chorei seca, nem uma gota por fora e uma cachoeira por dentro.
Já levei na cara e dei na cara.
Aprendi a esperar, taurinamente, e calar quando consegui.
Já morri queimada e afogada.
Já fiz merdas homéricas.
Nunca pensei em me matar.
Briguei por meus filhos, desde o instante que eles foram concebidos e eu disse: são meus!
Meus piores defeitos são a ira, a agressividade latente, a falta de tato, a teimosia, a mania de achar que sei tudo, que aguento tudo, que sou a Mary Fodeca!
Tenho saudades de um pai que morreu e que eu não consegui aprender muitas coisas com ele.
Me reconheço em minha mãe e isso é apavorante.
Me vejo em meus filhos e isso é ainda mais apavorante.
Leio o horóscopo todo o dia. Acredito em transitos astrológicos.
E escrevo todo o dia, como se não tivesse mais nada para fazer na vida. Como lavar a louça do café da manhã, passar roupa e varrer o chão.
Algumas pessoas me chamam de besta.
Outras ficam aqui, lendo as minhas besteiras.
E eu agradeço a elas.
Bom dividir devaneios.

12 comentários:

Anônimo disse...

Eu adoro você!
Gosto tanto, tanto, que não tem um único dia que não passe por aqui... Mesmo nos finais de semana, quando estou em casa sem fazer nada, venho aqui e me divirto com as coisas que você escreve. Gosto mesmo! Gosto de você, da pessoa simples que você demonstra ser, do jeito despojado, das histórias engraçadas que acontecem contigo.

Certo dia estava com meu marido no Fran's Café do Cambuí e levei choque quando percebi no encarte que estava sobre a mesa que a cantora que estava no palco era nada menos do que a Tatiana Rocha. Fiquei louca... falei pra ele:
- Du, eu conheço essa moça!
- Conhece? De onde?
- Do blog. Conheço ela... Adoro ela!
- Mas que blog? Como assim?
- Depois eu te explico. Vamos procurar uma outra mesa que eu quero vê-la cantar.
Fiquei tão eufórica... e louca de vontade de ir falar com você. Mas senti vergonha e acabei perdendo a chance de te conhecer e conversar contigo.
Até hoje não me conformo!
Mas faço questão de rgistrar aqui a minha imensa admiração por você.
Um abraço de urso bem apertado!
Toda sorte e toda luz!
Mércia Ribeiro

Tatiana disse...

ô, Mércia
ô mércia que eu quase que tive um treco aqui. que coisa mais linda que vc me escreveu. tão cheia de intensidade, honesta, tão lindo...
puta merda...
devia mesmo ter ido falar comigo!!!
E eu tenho que te agradecer por estas coisas lindas que vc me disse.Eu tava meio assim assim, dia chuvoso me deprime um pouco...aí li isso...to toda ensolarada!
Muito obrigada!!

Anônimo disse...

Colhendo o que vem plantando.....
São estes relatos que fazem a vida!

Também leio com frequência e se não gostasse não voltaria.

Parabéns!

Anônimo disse...

haha q legal a história da mércia, rs... eu não perdi tempo viu mércia, fui na cara de pau mesmo e disse, ei tatiana, legal teu blog hein... hahaha
ela surpresa que já conhecia suas músicas de um show q eu havia assistido há um ano atrás... rsrs foi simpatissima e no intervalo começamos a conversar e não paramos até hoje, rs...

tat, te admiro e ponto final.
se for realmente comentar vou gastar as linhas daqui todas... kkk
beijo!

Tatiana disse...

to ficando roxa de vergonha

Anônimo disse...

Tatiana com vergonha? Como assim???? Hahahahaha!
Também não passo um dia sem te ler! :)
Beijuuuuus!

Fulano Sicrano disse...

Tatiana, que delícia é ler seu blog. Adorei. Vim saber se a surpresa de ter se encontrado havia sido boa ou ruim e eu é que acabo me surpreendendo com a facilidade que você tem de pôr no papel a sua alma, totalmente transparente, livre, despojada e delicada. Abraço.

Tatiana disse...

Seu Fulano
Eu fiquei surpresa mesmo.
Me achei tão chique!!
hahahahahahhahahahahahahahahahah

Claudia Lyra disse...

Tati!!!!!! Ai, menina, se eu não lesse você todos os dias - suas doideiras, seus papos sérios, suas conquistas -, putz, minha vida seria muito mais chata, com certeza!

Ps - ah! E ADORO conversar contigo por MSN também. A gente é muito boba, tá doido, só fala besteira!

Tatiana disse...

Cláudia.
" A gente" não. Você.
Eu sou serírrima!

Anônimo disse...

Não sou de escreve, e sim de falar. Gosto muito do seu blog, e vejo que você é uma pessoa rara e tão igual. Sofremos da mesma coisa, somos toda muito parecida, tão diferente. Todo leio, e gosto muito.Um abraço.

Tatiana disse...

Obrigada, Maria
É isso mesmo. Somos parecidos e diferentes. Sofremos as mesmas dores. Ficamos felizes pelas mesmas coisas.
E eu fico feliz aqui por saber que tem gente que gosta das coisas que eu faço e de minha pessoa.
Fico feliz mesmo.