quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Meu dragão inquieto arde. Uma mão afaga sua cabeça e ele chega a balançar a cauda. Dorme enrolado em nós.
Meu peito turbulento suspira. Uma boca sopra novos ares e subo aos céus como balão e fico, do alto, observando a cidade toda salpicada de insônias e lascívias.
A tatuagem rubra brilha no escuro e a mão tenta espalhar a tinta gravada na pele, como se fosse possível aumentar meus vermelhos tons. Vergões se espalham em minhas costas e eu viro flor aberta.
Minhas pernas frias caçam o calor que está ao lado e a manhã que me invade os olhos me obriga a enfrentar a realidade.
O braço ainda me envolve a cintura e meu pescoço fica úmido de bons dias.
Fecho e abro portas que parecem que nunca acabam.
Meu dragão acorda junto comigo e brada alto seu grito de aviso.
Outro dragão geme e seu rabo bate no chão em resposta.
Não existe distância para dragões.
Mas sempre existe perigo de incêndios.
É aconselhável atravessar a grande água.
Os que estão por cima não demonstram orgulho para com os que estão por baixo: este é o caminho da grande luz. Ter um objetivo leva grandes bênçãos porque o caminho é correto e central (posições da segunda e quinta linhas). Ao encontrar a madeira (vento) 'é favorável atravessar a grande água'. No movimento e na suavidade há um progresso constante na vida diária. Quando o Céu concede suas dádivas e a Terra produz seus frutos, tudo progride. Segundo esse método, todas as coisas iniciam suas atividades em harmonia com o tempo.
Abandono as moedas no chão e sorrio feliz.

2 comentários:

Lord Broken Pottery disse...

Belo texto. Gostei muito.
Beijo

Tatiana disse...

brigadin