Aqui em Campinas tem um botecão, bem botecão mesmo. Um bar com uns pernis pendurados no teto, com uns pote de pimenta que devem estar lá desde o golpe militar, umas mesas de plástico que ficam na calçada e, por ser em uma excelente localização ( em um bairro chique, o Cambuí, na frente do teatro e pertinho do centro), vive cheio.
Eu adoro o City Bar. Sim, lá parece curva de rio, ali para de tudo. Jornalistas, músicos, artistas, pinguços, doidões, estudantes, a velha guarda da boêmia, moçadinha. Todo mundo dá aquela paradinha no City para tomar umas cervas e comer o tão falado " melhor bolinho de bacalhau do mundo". Já dou beijinho em garçom que sempre me descola uma mesa, mesmo quando o boteco tá abarrotado e se precisar pendurar a conta, eu penduro.
E é lá que eu sempre encontro uma figura engraçadíssima. Ator de altíssimo nível, boêmio comedido que não mistura conta, paga sempre separado, cheio de histórias, super falante. Só que ele tem uma característica. Ele detesta gordo.
Qualquer tipo de gordo.
Mas por que essa implicância, homem de Deus?
Ah, não sei. Gordo ocupa espaço demais. Gordo é sempre gordo.
Então se ele vir algum gordinho ou gordinha sentado próximo sempre comenta..." olha lá, olha lá o gordo comendo sem parar...Deus que me livre de gordos!!
Ele é o único caso de "lipidiofobia" que eu conheço.
E só no City Bar que se encontra uma coisa dessas. Eta City Bar, viu?
Como não gostar de um lugar que atrai tipos como esse?