domingo, 10 de dezembro de 2006

Cesta Básica Emocional

Fazendo aquele balanço básico de fim de ano, cheguei a conclusão que preciso de coisas hoje que não precisava ( ou pelo menos não me dava conta) no passado.

-Preciso aprender a ficar só. Tanto fisicamente quanto emocionalmente. Um coração vazio não é necessariamente um casa abandonada e sim somente uma casa vazia. Para fazer faxina, sabe? Limpar os pós, mudar os móveis, jogar as tranqueiras velhas fora. Essas coisas. A bosta é que eu gosto de casa cheia, aquela farra na cozinha, violão tocando, mesa cheia de gente. Mas gosto de solidão também. Como agora. Um silêncio em minha volta. Nenhum barulhinho. Um delícia.

-Preciso aprender a ser menos metida a forte. Isso é difícil. Hábitos são difíceis de largar assim de uma hora para outra. Quando me vejo, lá estou eu usando meus recusrsos de sustentação, todo meu arsenal de guerra. O descanso da guerreira. E tomo lambada nas costas! To cansada disso.

- Não sei deixar que cuidem de mim. Fico extremamente desconfortável nesta situação. Não que eu não goste, claro que gosto, mas não é comum e me sinto meio fora do lugar, meio deslocada. Uma merda isso. Tô precisando mesmo de cuidados e não sei recebê-los. E, pior ainda, não sei demostrar que preciso de cuidados.

-Preciso aprender a chorar. Poxa vida, chorar mesmo, daqueles choros de dar soluço, sacudir os ombros e sair uivando pela casa. Quanto tempo não faço isso...No máximo uma umidade nos olhos, um apertinho no peito. Mas aquele chorão mexicano, aquele tsunami melequento...vixe, faz é tempo!

- Delicadeza. Preciso de toda a delicadeza do mundo. Eu desenvolverei a minha delicadeza essencial para ver se assim atraio a delicadeza do mundo em minha volta.

- Preciso de pudim de clara. Não tem nada a ver com o que ee to falando aqui, mas me deu agora uma vontade louca de comer pudim de clara, daqueles altos e balançantes. Ai, meu reino por um pudim de clara!
Perdi até a vontade de escrever. Vou sair a caça de um pudim de clara.

8 comentários:

Anônimo disse...

Estou aprendendo a ficar só outra vez (todos, no fim, o somos). E tenho chorado prantos desbragados com a ex-companheira e filhos (pelo fim do casamento, que eu acabei optando). E dormido mais ou menos. Mas sem álcool. Mantenho a rotina do sem-cerveja há mais de 40 dias. Pudim de clara, não gosto. E o coração está refazendo o espaço, buscando a si mesmo. Enfim, cuidemo-nos... Merecemos. Beijos.
Ronaldo Faria

Vivien Morgato : disse...

Fico na torcida da sua aprendizagem.;0)
Seu cd foi o fundo musical do meu final de semana.bj.

Anônimo disse...

'Tô aqui, querendo me lembrar de uma canção ou poema, que li, há pouco tempo, que fala algo assim, sobre sermos, essencialmente, sós, como disse o Ronaldo.
Eu gosto de estar só. Arnaldo, não.
Nunca comi pudim de clara... Adoro o de leite condensado, bem furadinho!
bjo, menina,
Clé

Anônimo disse...

eu estava aprendendo a ficar só quando aprendi mais ainda a ficar junto. mas não foi suficiente. ou foi mais que suficiente e transbordou. eu aprendi a doar a quem pedia doação e o mesmo pedido de doação veio em forma de recusa. a vida, como novela mexicana, se apresenta agora como um tsunami melequento e olhos inchados. mas quem liga? amigos! amigos! amigos! amigos são como sol, e o abraço de cada um deles me traz um choro mais doce, um riso mais largo e a certeza de que um corpo que não é meu não me pertence. beijo.

Unknown disse...
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Unknown disse...

Eu estava assim também quando te chamei pra sair ontem à noite. O problema é que a gente nunca fala realmente do que está sentindo. A boa notícia é que a angústia passa. A má é que ela volta.

O negócio é se lembrar do que dizia o Che aos seus inimigos. Quando o mundo te afligir, repita o bordão: Não Passarão!

Tatiana disse...

Anônimo,
Vc não assinou, mas escreveiu tão lindo que eu fiquei aqui pensando que não estamos sós...bom isso

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Como a Clélia disse, eu não lido bem com a solidão, não gosto de me sentir sozinho. Ela gosta. Mas acho que o que ela gosta é de ficar consigo mesma, ou seja, muito bem acompanhada. Só estaremos sozinhos se pararmos de pensar, de sonhar, de alimentar as nossas fantasias.