sexta-feira, 9 de junho de 2006

A MULHER E OS TEMPOS MODERNOS. AUTO-SUFICIÊNCIA OU ESTUPIDEZ?

Atualmente as mulheres fazem praticamente tudo que um homem faz. Inclusive xixi de pé, uma questão de jeito e de saia. Eu mesma tenho fixação por ferramentas, ganhei em um dia das mães uma furadeira Bosh chiquérrima que já me proporcionou muita felicidade e milhares de furos espalhados por todas as casas que eu já morei.
Eu troco lâmpada, pneu, me meto a dar um jeito nas coisas aqui de casa e aprendi a abrir potes de conservas sem precisar de força física. Homem pra quê?

Aí meu chuveiro queimou a resistência e eu fiquei um dois dias tomando banho frio nestes tempos gélidos. Um sofrimento vão, é claro. A proveitei uma visita a uma loja de ferragens e resolvi comprar a resistência. O moço me pergunta:
- 110 ou 220?
-110.
- Qual potência que você quer? 4500 ou 5500?
- ????
Eu não tinha a mínima idéia do queele estava me falando. Eu queria uma resistência de chuveiro, uma daquelas que parece uma molinha que a gente prende em três pontos dentro do chuveiro. Sei lá da potência!

Aceitei as orientações do vendedor e voltei pra casa.
O único momento que eu podia trocar a bendita da resistência era quase ao pôr do sol, a luz indo embora.
Desliguei a luz da casa toda, procurei meu divino alicate de ponta fina, não achei e tive que me contentar com um alicate torto, muito do vagabundo. Levei meu banco de madeira para o box, subi, desenrosquei a base do chuveiro e levei um tremendo de um banho porque a água guardada dentro da meleca do chuveiro caiu toda em cima de mim, escorrendo pelo meu braço, gelando meu aquecidinho sovaco, encharcando meu pé e molhando o banco de madeira..
Ouviu-se somente um discreto putaquepariu.
Começou o meu inferno.
O alicate era grande e eu não conseguia prender a resistência no local porque Deus me deu boa vontade e fascínio por ferramentas, mas não me deu aquele jeitinho brasileiro. Sou uma troglodita mesmo. Foi me irritando aquilo. Era um tal de cair coisa no chão, o alicate escorrega de minha mãe e bate no meu dedão, eu escorrego do banco, vou me segurar na parede de azulejo, derrubo o shampo, quebra a merda do pote, eu desço pra pegar, deslizo no chão, me estaboco arrastando a cadeira em cima de mim, o alicate cai de novo, bate mais uma vez em mim, eu xingando todos os palavrões que eu podia, o sol indo embora, o meu horário para tocar começando a apertar, meu filho ouvindo uma música aos berros, uma borrachinha preta surge sei lá da onde e eu não faço a mínima idéia onde colocar aquela merda, vou tentando em tudo que é canrto, o gato subindo em minhas pernas molhadas, eu chuto o gato que voa e derruba o cesto de roupa suja, eu não consigo deixar o caninho da mangueira do chuveiro para trás, me irrito, dou umas três porradas que só machucam minhas mãos, que já estão pretas de não sei o que, o banheiro está uma zona, eu estou úmida, suja, irritada, atrasada, mas finalmente consigo acabar com o serviço.
Saio mancando para ligar a força geral da casa, o relógio grita que o tempo está passando mais rápido do que eu esperava, meu cabelo está medonho, sujo, grudado na cabeça, tenho um show naquele hotel metido a besta, tiro a roupa, escorrego no chão, penso em aproveitar tanto shampo, ligo a água, deixo correr bastante, o frio dentro do chuveiro me faz tremer, desligo, mudo a chave para inverno, abro o água e ouço uma explosão que iluminou lindamente meu box e me fez cair mesmo no chão!
O chuveiro explodiu!!!!
A porra do chuveiro explodiu!!
Tive que tomar um banho geladíssimo, não tive coragem de lavar cabelo, minha honra estava abaladíssima, minha moral no chão, minha bunda doída, meu banheiro imundo, atrasada, frustada, humilhada e achando que a vida não é justa com a mulher moderna.

Por causa disso, hoje quando dirigia pelas ruas da cidade, uma moça me berra: teu pneu tá furado, dona!!!!
Não pensei duas vezes. Parei em um local cheio de homens, fiz cara de peloamordedeuseusouumaantafrágil e pedi que trocassem para mim porque trocar penu de salto alto e calça branca é coisa para poucos.
Surgiram bem uns cinco marmanjos que em instantes torcaram tudo, me orientaram em que borracharia ir, me serviram um café e ainda lavaram meu vidro dianteiro.
Pô!!!
É isso aí.
Porque que eu invento de fazer coisas além das minhas obrigações cotidianas que são trabalhar de dia, de noite, cuidar de casa, cozinhar, lavar , passar, limpar, fazer mercado, pagar contas.
Deixa os homens cuidarem daquilo que eles podem fazer melhor que eu.
Deixa que eles se sintam úteis, indispensáveis, fortes e protetores. É quase como uma ação social para os homens, tão perdidos e sem espaço neste mundo atual.
Saí linda e limpa, meu pneu trocadinho, o vidro brilhante e aquele bando de homem se sentindo o máximo.
Não é melhor assim?

3 comentários:

Anônimo disse...

Nesse aspecto sou totalmente mulherzinha,não mexo em nenhuma ferramenta, mal sei distinguir um alicate de um martelo!
Eles gostam de arrumar as coisas e olhar nossa carinha de madalena arrependida agradecida...rsrs.....pra alguma coisa o machismo tem que servir,ora, bolas.!

Anônimo disse...

Com certeza, é bem melhor assim.
Cuide-se.
Ronaldo Faria

Vanessa Anacleto disse...

ah, bem melhor. Tatiana o que eu faço sem suas narrativas de peripércias absolutamente incríveis. Eu tô pensando em criar uma heroína de um conto baseada em vc, vc deixa?
Falando sério.

beijos