quarta-feira, 3 de maio de 2006

Sem sombra de dúvida não tenho o perfil da Princesa em apuros e não desperto os instintos protetores masculinos. Isso é um fato , eu sei, mas isso não que dizer que eu não possa reclamar um pouco. Já me acostumei com isso, são muitos anos agindo de uma forma, mas tem horas que dá vontade de gritar bem alto e chorar aos berros:
- Meeerda! Quebrou a minha unha e não posso carregar este bujão de gás. Eu quero morreeeeeerrrrr! Eu vou me matar tomando 21 pílulas anticoncepcionais! Eu não aguento carregar uma sacola de mercado, segurar os cachorros com os pés , abrir a porta, atender o telefone e fazer cafuné no gato É demais para mim!!!! Preciso de um homem urgente!!! Socorro, um homem aqui forte e viril para abrir um potinho de azeitona preta ligth porque eu tô poooooooodre...

A frase que eu mais ouço: você é forte, você aguenta.
Sim, eu sei que sou e que aguento, mas tem horas que é muito bom alguém abrir um portão as três da matina, voltando do trabalho, carregar todo o equipamento de som, xingar o moço da carroça que atira pedras em meus cachorros ( só implicância porque agora estão presos o tempo todo), seria muito bom ouvir uma outra pessoa vir brigar por mim e pelos meus.
Mas isso não acontece comigo. Não sou a mulher que se deseja proteger, mas sou a mulher que se chama quando a briga aponta lá longe. Estou mais pra Iansã do que Oxum. E não sou nem uma nem outra, sou uma Iemanjá briguenta, só isso.
Óbvio que eu devo fazer alguma coisa que gere essa reação em todas as pessoas. Eu só não sei o que é. Confesso que também não fico à vontade na posição de frágil, mas posso me acostumar. Tudo é uma questão de treino.
Acho que o fato de meu pai ter morrido quando eu era tão novinha fez com que eu mantivesse uma distância de qualquer homem que pudesse cuidar de mim. Também não é à toa. Três meses depois que meu pai morreu, voltamos para Salvador vindos de Fortaleza, acompanhados pr um casal de amigos de minha mãe. Na noite de Natal o coroa me agarrou, estava bêbado como um peru, minha mãe derrubada com um monte de calmantes e eu acabei quebrando uma luminária na cabeça daquele tarado. Fiquei muito mal com aquilo, era o cara que estava ajudando minha mãe, o braço direito dela naquele momento e quando e contei o ocorrido, não conseguiu fazer nada. Ela mal conseguia se carregar, coitada. Meu ódio foi tanto que queimei de febre. A situação ficou insustentável e o casal foi embora, de volta para Fortaleza e nunca mais soube deles.
Não a culpo minha mãe, estava frágil e totalmente perdida, mas aprendi a lição que quem tem que se cuidar sou eu porque eu tô sozinha nesta vida mesmo. Cresci com isso na cabeça. se e me foder, tô fudida mesmo porque não vai aparecer nnguém pra me tirar do meio da merda.
Acho que isso encruou dentro de mim de tal forma que não consigo mudar esta impressão.
Ô bosta....

6 comentários:

Anônimo disse...

Mesmo as mulheres fortes tem seus dias de Doris Day. Tem horas que merecemos um cavalheirismo, um bíceps forte carregando as compras e abrindo a porta do carro. Ah, merecemos. beijos, querida.

Blue Woman disse...

hahha Eu bem sei o que é isso. Hj cheguei em casa e meu pai me pediu para subir numa escada, e caminhar sobre o muro até chegar a caixa d'agua para arrumar não sei o quê! Fiquei morrendo de medo só de subir a escada. Não fui. E ainda tive que ouvir que sou bundona. Eu mereço? rsrs

um beijo!

Márcia Nestardo disse...

Tatiana, as mulheres que tem que ser fortes dão um pouco de medo, eu acho. Da minha parte assumo a necessidade e corro atrás, mas choro, choro muito, salgo o mundo virtual com os olhos e acabo recebendo em troca uma admiração um tanto esquisita, sem fundamento. Chego a ficar brava com quem lê minhas lamúrias e diz que me admira porque sou forte.
Um dia meu ex marido me disse que eu parecia uma lésbica, bem sapata mesmo... Quanta merda pra se escrever num comentário?
Enfim (eu sei que você odeia essa fórmula... rsrs) Sigo na minha fortaleza de solidão.

Teu texto é ótimo. Era só isso que eu tinha que dizer...

Anônimo disse...

Nossa, me identifiquei muito com seu texto, pelo direito e pelo avesso, porque tem tudo e nada a ver comigo. Uma longa história que qualquer dia eu explico...de qualquer maneira acho que tenho que ter umas aulas contigo de "como não esperar nada de ninguém"...um beijão!

Edilson Pantoja disse...

Estou em meu primeiro acesso a seu espaço. Li o texto, ouvi a primeira música de Um passo acima do chão, e vi uma alma sensivelmente bela, apesar dos reveses.
Abraços de Belém!

Vanessa Anacleto disse...

Puxa , Tati que engraçado, meu pai tb morreu eu era bem novinha e aprendi essas mesmas coisas que você. Não sei fazer o genero desprotegida, rapunzel no alto da torre. Nunca procurei homem pra me escorar , eles pra mim tem outras funções. Mas tem dias que dá uma vontade de ter nascido Maricota, ah isso tem. Ainda bem que depois passa :-).

Beijos