segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

2006

Sempre gosto de pensar que o jeito que passamos a virada do ano influencia de forma direta o ano vindouro.
Então não me faltará comida. Será um ano farto.
Não me faltará música. Cantei e toquei o tanto que consegui.
Meu ano que virá será acompanhado de amigos, filhos e vários tipos de amor. Amor maternal, amor de filho, amor fraternal, amor de homem, amor de cachorro que, por sinal, eu prezo muito.
Me ofereci madrinha do cachorro de Nuno, o Guri, pastor belga completamente abestalhado, que coloca meu pé todinho dentro da boca e morde levemente mostrando assim como é louco por mim. Nunca fui convidada para ser madrinha de nada nem de ninguém, então, em 2006, tenho um afilhado canino que me ama de paixão e que é tão abestalhado quanto eu.
Eu tomei uma única taça de vinho. Então o ano terá um pouco de loucura etílica, mas muito pouco mesmo.

Me perguntam porque eu não sou de beber. Primeiro, eu acho que é um desperdício de dinheiro se gastar tanto com cerveja e derivados. Entre encher a cara e encher o armário de comida, fico com o último.
Segundo, cú de bêbado não tem dono. Eu prezo o meu.
Terceiro, não tenho resistência para bebida. Se tomo um pouquinho a mais, fodeu!
E sempre foi assim. Quando eu era uma mocinha de 17 anos e começava a tocar por aí, fui convidada para trabalhar em um evento só de vendedoras da Natura. Aquele mulheril sem fim, eu sentada no meu banquinho, violão obraço, tocando, tocando, tocando sem parar.
O garçom muito simpático me ofereceu um drink comum em Salvador, o daiquiri. Gelo picado, rum, groselha e uma libidinosa cereja decorando o copo. No calor que faz naquela terra o daikiri é um presente refrescante dos deuses. E eu tomei um, e dois, e três, tão docinho, uma maravilha. O garçom cheio de amor pra dar me dava daikiri escondido, passava por mim e me deixava um daikiri como prova de sua admiração.
Bem...tomei 17 daikiris. Acho que no final só tinha gelo picado e groselha, uma tentativa que evitar uma tragédia, mas mesmo assim eu fiquei muito, muito bêbada. Tão bêbada que cai do banquinho.
Imagine a cena: eu caindo lentamente, o medo de quebrar o violão, meus braços levantados, o violão sobre a cabeça, o banquinho aparecendo entre as pernas, fui caindo para trás, estava parindo um banquinho. O garçom vendo a cena, correu pra me ajudar, na queda o brinco enorme grudou na barra da saia e a saia estava levantada mostrando as partes pudentas. Eu no chão, as pernas abertas, o banquinho intacto entre elas, a saia presa no brinco, os braços pra cima e o violão sobre a cabeça. O garçom vinha e abaixava a saia e eu berrava. Aiiiii! Para não doer a orelha eu abaixava a cabeça e batia no banquinho, aaiiii.Levantava a cabeça e a saia subia, o garçom abaixava a saia, eu gritava de novo e batia a testa no banquinho. O garçom tentando manter a minha compostura, queria tirar o violão de minhas mãos e eu berrando, não, o violão não, a saia grudadíssima no brinco e eu tento uma crise absurda de riso bêbado.
Por isso que eu não bebo. Não sei. E aprendi a lição. Se estou trabalhando não posso e não devo beber.Porque sempre que bebo,faço merda.
Como disse: cú de bêbado não tem dono. Melhor garantir.

PS: nunca mais tomei daikiri. O que é uma pema porque é bom pra dedéu.

10 comentários:

Anônimo disse...

Tatiana, que delícia de blog! Gracias pela visita em minha mui humilde morada, lá anda meio às moscas, sabe como é, tenho que honrar a fama do Estado que me pariu. Beijo no coração, adorei a música que fala de "Negros Olhos". Ah, a propósito: daikiri é mesmo gostoso pra caralho. E vicia.

Anônimo disse...

Ótima, como sempre!

Por coincidência, nesse EXATO momento, to parindo um texto de premissa etílica.

Talvez se deva ao meu porre homérico, dois dias antes do revellion, e na véspera de tocar num evento importantíssimo.

E tocar de ressaca, bem, não é nada divertido.

Anônimo disse...

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH (3x)

Anônimo disse...

Puta que pariu, como vc é fudida pra escrever hein...meu Deus do céu! Estou chorando de rir aqui com a sua história...
A propósito, amei passar o reveillón em sua companhia. Muito bom mesmo!

marcio castro disse...

realmente, beber no trampo não dá certo. nunca fiz isso, mas imagina entrar num palco em um espetáculo e estar bêbado? sai tropeçando em adereços de cena, cenário, sem falar da falta de respeito como parceiro de cena.

e ainda espetáculo infantil. termina e você vai dar aquele beijo na menina com o bafão de vodka. háhá.

ah, mas eu não abandono a cerveja. aliás, eu adoro. só não tomo em dia de espetáculo. o que aliás, não tem nesta semana, então, estou encharcando aqui no bar da kelly todo dia. aproveitar... enquanto a gente pode... desde 2002, não entro no ano novo com "algumas" certezas. e isto me conforta e me libera de uma grande responsabilidade de não gastar. estou aproveitando. enjoy it!

Anônimo disse...

Menina, acabo de ler o "Manual de Sobrevivência nos Butiquins mais Vagabundos", do Moacyr Luz. Ele traz diversas entrevistas com dicas de como curar uma ressaca. Logo, sabendo usá-las não há porque não beber. Mas mantenha-se como está. É melhor evitar mudanças bruscas, principalmente as de teor alcoólico.
Voltei para Campinas e para o meu canto na internet. E como é bom vir aqui e ler histórias que não dá pra se inventar... Só vivendo. Pois, então, vivamo-las...
Do carioca-campineiro.
Ronaldo

Anônimo disse...

hahahahahahah...
Fala sério, essa história foi exatamente assim?
hahahhaahaha...
Não sabia que você canta!
Que bela surpresa!

Anônimo disse...

Finalmente aprendi a deixar recados para vc, entro aqui todo dia para matar a saudade, adoro teus escritos, juro que senti uma ponta de inveja quando imaginei vc e a Bruxa Mãe juntas, queria tanto estar ai também, mas não se preocupem deve ter sido tantas as magias que minha inveja bateu e voltou e ai a saudade doeu em dobro dentro de mim.
Amo vocês!....
NI (*

Danielle Ribeiro disse...

Eu sempre passo o reveillon bêbada :-/ ... beijos .. feliz 2006

Márcia Nestardo disse...

Como sempre, ri até!!! Depois de um tempão é consigo comentar.
Sabe, não bebo. Nada, nadinha mesmo. Sou aquela pessoa em quem não se pode confiar, porque não toma nem cerveja no churrasco, nem champanhe no ano novo. Careta mesmo!
Não me lembro quando tomei a decisão, mas alguns amigos me dizem, que foi depois dum dia que dormi em cena e quase caí do palco...
Não lembro mesmo, juro.