terça-feira, 20 de setembro de 2005

Eu sou uma mulher normal. Fico normalmente desequilibrada e entendo a minha natureza e não brigo com ela.

Ontem eu vi passeando pelas ruas do centro aqueles jovens, todos vestidos de marrom, caberlos curtos, sandálias nos pés, discípulos de São Francisco de Assis. Fazem votos de pobreza e de castidade, lavam os pés dos mendigos. São da Toca de Assis.
Sempre que eu os vejo fico pensando o que leva uma pessoa tão jovem fazer uma opção dessas, tão radical, mas aí eu penso também que é bonito uma pessoa tão jovem se dedicar ao Espírito quando podia se dedicar ao sexo, á cerveja, à sacanagem...

Aí começa a minha cabeça maluca.

Imaginei que meu filho mais velho, o ateu, resolveu mudar drasticamente de opção filosófica-espiritual e resolvesse virar padre. Isso enquanto eu passava pela Jose Paulino, o maior engarrafamento, um calor danado.
Imaginei ele de batina me falando que não poderia me dar netos, afinal celibato é celibato. Nem uma punhetinha, meu filho? Nem uma punhetinha, minha mãe, casto até os ossos. Pelo menos não fica fraquinho, né, meu filho?
Salto para outra situação. Ele lindo, de batina e eu na frente dele me batizando. Isso mesmo. Meu filho seria o padre que faria meu batismo porque sou pagã desde sempre. Mas, para fazer estréia de uma grande cerimônia, ofereço-me em sacrifício ritual e permito que ele me batize.
Aí eu fiquei imaginando a cena, filho batizando a mãe, os moços da Toca de Assis passeando do meu lado, aquela emoção toda...as pessoas assitindo a cerimônia emocionadas, aquela comoção geral, aquilo foi me tocando tanto, mas tanto que comecei a chorar...veja só..chorei porque me vi ( logo eu, a pagã) batizada por meu filho ( que é ateu!!). Achei a cena tão linda, tão linda, que acabei às lágrimas!!!

Pois é..sou mulher. Fazer o quê?

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