Nada. Eu disse, nada que treme hoje em mim treme em vão.
Se não tenho mais as firmezas que tive um dia é porque as usei todas.
Usei todo o colágeno de minha cara em gargalhadas escandalosas, choros
compulsivos, caretas desnecessárias e toda e qualquer expressão de mim
que escorria pelo meu rosto. Gastei com gosto gastei sem economia.
Se meus joelhos tremem é de tanto eu ter dançado. Ou corrido. Caído e
levantado. Nossa senhora, esse joelho aqui já correu vida. Hoje range em
noites muito friorentas. Joelho metereologista.
Meu coração ainda
treme também. E eu me lembro dele totalmente jovem e firme, todo durinho
nas suas certezas de coração menino. Se quebrou todinho. Mais de uma
vez, coitado, ficou todo fudido tantas vezes, remendado, colado ora com
fita durex ora com durepóx. Servicinho porco de remendo, me deixou com o
peito todo desalinhado, pingando óleo, duas pinturas até. Perdi
completamente o alinhamento das coisas de dentro de mim e eu acho que
segui soluçando por dentro por muito tempo. Devo ter milhares de
suspiros presos no meu peito. Coisas de coração quebrado.
Então
quando meu coração amoleceu depois de tanto rangir e brigar, quando ele
serenou nessa mania besta de ser fortão, firmão, quando meu coração
ficou tao velho que foi se esquecendo, foi apagando algumas coisas e eu
acho que agora, somente agora em que meu coração começa a ficar
senil...eu digo que é só agora que eu aprendi mesmo a amar.
Agora é a hora.
Quando tudo meu treme e eu sei reconhecer que tremer assim é recompensa de quem viveu.
Eu vivi e viverei mais um tiquinho.
3 comentários:
Nossa! Que intenso!
Que bom que vc voltou, Tatiana. Nesse tempo que vc ficou fora senti falta de ler os seus textos. Adorei este aqui e me identifiquei com ele. Fique com a gente de novo.
Vish maria... Agora tô em dúvida, não sei se indico um ortopedista ou um cardiologista solteiro e bonitão pra uma consulta. rs Nem precisa de um plano de saúde. Que tal? rsrsrsrsrsrs
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