Não tem uma única apresentação que não role algum estresse na parte final do espetáculo. Impressionante. No primeiro dia, os fogos entram no palco e quase queima tudo. No segundo, um tropeço percussivo impressionante. No terceiro, um dos percussionistas passa mal e vomita em plena cena, escondido entre os pratos e o surdo. Em Paulínia, caí o gerador de energia e tudo fica no escuro e ontem chovia o tempo todo. Tocamos com os instrumentos cobertos por capas de chuva, vários minúsculos guarda-chuvas e na hora de ciranda eu, linda e gloriosa, com uma capa de chuva azul cobalto, destruindo o visual do figurino e com um medo da porra de morrer eletrocutada.
Tenho até medo do que vai acontecer hoje.

Eu não dou bola ao poder desse blog. A pobre da menina que canta pagode vagabundo ficou magoada comigo por eu dizer que ela canta mal. Veio falar comigo com um biquinho e ouviu sobre a necessidade de não se deixar mediocrizar. Que quem se interessa por arte, por teatro tem a obrigação de pensar em sua formação pessoal. Ter contato com o que existe de melhor, as melhores músicas, os melhores filmes, os melhores livros, as melhores pessoas. Ter acesso a tudo para ter parêmetro de análise crítica. A formação de um artista não é só a formação formal, é o contato com aqueles que fizeram diferença. Ler, ouvir, ver, assimilar aquilo que é acima da média.
Falei, falei, falei e quando me vi estava rodeada por um grupo de jovens que me ouviam falar de Tom Jobim, de Hermeto Pascoal, de Guinga, de Assis Valente e Geraldo Pereira. Falei sobre o jabá, aquele valor que as gravadoras pagam às rádios para que determinada música seja tocada e enfiada goela a baixo. Que nem tudo que toca na rádio, que aparece no Faustão é bom. Mas a questão é se ter conteúdo para analisar, para decidir o que permitir entrar no nosso universo pessoal. Pagode vagabundo até tem seu lugar em alguns momentos ( apesar de eu não ter esse momento em minha vida ), mas ouvir só isso beira a ignorância, ainda mais em um país tão musical como o Brasil.

O Peru do espetáculo está correndo cada dia mais e melhor. Ontem a criançada nem conseguiu chegar perto dele. O peru tá ficando esperto...hehehhe
Minha frase para o ator que faz esse personagem:
-Du, eu adoro o teu peru!
Logo depois que falei isso, percebi a bobagem que estava falando.

Sexta está marcada a cirurgia de Matheus. Ontem tivemos que tirar sangue para fazer um hemograma e foi aquele show. Eu não sei de onde veio essa covardia toda, diante de uma agulha. Eu, macho pra caralho. O pai, anestesista e macho também para essas coisas. Uma mutação genética, certamente.
Hoje, o meu mais velho opera do menisco.
A bruxa tá solta.

Mas eu to feliz...