terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Não sei ao certo.
Não sei se faço as coisas certas.
Não sei se faço as coisas certas de forma correta.
Não sei se faço mesmo.
Mas eu tento.
Pelo menos eu tento.
E tentando às vezes deixo ali um pedaço de mim, mas eu sei que, como lagartixa, nascerá de novo aquilo que ficou lá atrás.
Não sei de nada ao certo.
Nem sei se tenho tanta força assim porque as vezes a única coisa que eu queria era ter um peito para eu deitar e ficar calada. Que não tivesse que explicar porque choro sem razão, eu sei a razão porque choro, mas a razão não me sai da boca, essa boca nervosa que eu tenho, a razão me sai do meio do meu peito e meus olhos travados se fazem em sal e água e eu não consigo explicar direito porque tanta água sai de mim.
Eu queria um peito mudo para deitar e dormir calada. Sem explicação. Sem ressalvas. Sem por quês. Alguns por quês não são meus e eu não posso falar deles. Mas eles doem em mim, como se fossem meus. Queria um braço calado que nunca me perguntasse nada, mas que fosse meu porto, minha segurança nessas noites de temporal. Eu queria um abraço apertado sem nenhuma razão nem explicação. Só um abraço calado.
Doer a dor dos outros não é bom porque eu não tenho como parar a dor do outro. Eu não mando nem na minha dor, quanto mais nas dos outros.
E me dói nos meus olhos que vêem tanto.
Me dói as mãos que não sabem o que fazer. Esses meus dedos atrapalhados e sem controle.
Me dói na boca que fala tanto e às vezes fala dolorido, fala assim punhal, fala bisturi rasgando a carne para tirar a bala perdida. Minha boca bastão dói em mim quando bate forte.
Me dói as costas porque eu não sei se consigo.
Me dói os pés também e eles doem porque são sempre doloridos mesmo.
Me dói a cabeça para descobrir as respostas que nunca virão, disso eu sei.
As respostas nunca virão. Só as milhares de perguntas órfãs, essas sim não param de nascer e são jogadas no meio desse mundo imenso e cada um carrega sua pergunta sem resposta e sofre por elas.
Como o mundo sofre por falta de respostas e eu mal sei de mim, nem sei o que dizer de mim, não sei dar respostas a ninguém.
Eu sei futucar, sei varar a carne, sei olhar no olho, sei segurar na mão, sei perguntar ainda mais, mas eu não sei dar as respostas.
Eu queria saber mais.
Mas eu não sei e, é bem provável, que ainda não saberei.
eu queria saber mais.
Mas eu não sei.

5 comentários:

Vivien Morgato : disse...

.....................

Anônimo disse...

Eu também não sei.

Com isso eu concordo:
"Me dói os pés também e eles doem porque são sempre doloridos mesmo"

Beijos!

Unknown disse...

Ninguém sabe, minha querida. Ninguém sabe.

Mas você, pelo menos, chega muito perto de saber. Sua vida e a luz que dela emana já é sua melhor resposta.

Paciência e concentração. Acho que o caminho passa por essas duas coisas.

Beijos

Anônimo disse...

"Mas eu (também) tento.
Pelo menos eu (também) tento."
Tentemos sempre. E assim nunca iremos parar de crer e crescer. Beijos. Cuide-se!
Ronaldo Faria

Anônimo disse...

Passa sim, Mammy.Tudo passa e se transforma. Eu me transformo em outras. Você também.
É só aguardar o tempo passar e ver no que nos transformamos.